3 de mai. de 2011

Aulas de Língua Portuguesa

Educação e Sensibilidade
Profº. Ranilson Duarte Pereira
Observando as flores à margem do caminho.
Penso que um dos grandes desafios do professor atualmente é descobrir alguns conceitos cristalizados nos alunos que se tornam valores absolutos. E antes que se possa pensar que se trata de uma espécie de manipulação ou “adestramento” devo esclarecer que refiro-me ao fato de que adolescentes e jovens estão imersos em uma cultura de supervalorização do vulgar, do consumismo, da ditadura da moda, da futilidade, não sobrando tempo para pensar em valores que são universais, gratuitos e importantes para compreensão do indivíduo enquanto membro de um grupo social, capaz de transformar e se transformar através da cultura e da história, comportar-se como ser pensante suficientemente pronto para interpretar e produzir, sensibilizar e sensibilizar-se.


Durante uma aula de produção de texto no 8º ano B do Ideal Colégio e Curso, percebi o quanto esses alunos sentiam dificuldades em demonstrar seus sentimentos, não valorizavam as coisas grandiosas. Senti-me incomodado com isso e propus um passeio no entorno da escola. No percurso fiz algumas paradas. Na primeira, solicitei que eles olhassem fixamente durante alguns minutos às florezinhas encontradas à margem do caminho. Em outra, pedi que eles olhassem a paisagem e tentassem encontrar algo de belo. Sem saber do que se tratava, questionavam a todo instante sobre os objetivos do passeio. Posso ter errado em não os ter comunicado, mas se assim o tivesse feito, o resultado não seria o mesmo. A ultima parada foi em pequeno lago, onde na ocasião um pássaro segurava-se em um pequeno talo de capim. Eles ficaram encantados com a cena. Pedi então que observassem atentamente aquele local.
De volta à sala, tiveram muito mais estímulo e escreveram com mais facilidade, porém a importância do trabalho não foi apenas isso. O ponto máximo consistiu-se na reflexão que foi possível desenvolver após o passeio. Fiz com que eles percebessem beleza nos lugares mais corriqueiros; que aquele olhar que tiveram para aquelas florezinhas não era igual a tantos outros olhares, que mesmo tão simples como uma flor, uma gota de água e algo muito mais grandioso que nos passa despercebido como o pôr-do-sol.
Ao escreverem suas narrativas tiveram que falar sobre as belezas do caminho. Entendo que assim se constrói uma concepção de mundo que não leva em consideração apenas os valores sociais contemporâneos, elaborados sob a imposição de uma cultura de consumo e de negação de outros valores mais significativos à vida. Educar nessa perspectiva pode não ser fácil, porque implica em EDUCAR, agora se se pretende apenas instruir, a prática educativa pode estar a serviço da futilidade.




Turma do 8º ano B em aula de campo com o Profº Ranilson. Objetivo: Educar para a sensibilidade.
A caminho de Passárgada

Produção textual após aula peripatética com profº Ranilson Duarte

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